domingo, 1 de novembro de 2015

José Dirceu é alvo de investigação no Peru





Preso pela Operação Lava-Jato desde 3 de agosto em Curitiba, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tem uma nova fonte de dor de cabeça. É que ele é também investigado pela Fiscalía Especializada Anticorrupción do Peru, o equivalente naquele país à Procuradoria-Geral da República no Brasil. Dirceu é suspeito de intermediar repasses de dinheiro de empreiteiras brasileiras para integrantes do governo Alan García, que presidiu o Peru entre 2006 e 2011. É também apurado se o esquema teria se prolongado até o atual governo, de Ollanta Humala.

Conforme a agenda do ex-presidente Alan García — à qual Zero Hora teve acesso — e também rastreamento de voos, Dirceu realizou cinco viagens ao território peruano entre 2007 e 2011. Em 23 de janeiro de 2007, início do governo de García, o ex-ministro brasileiro foi recebido em palácio pelo então presidente peruano.

Dirceu atuava como lobista das empreiteiras Engevix e OAS, ambas envolvidas no desvio de dinheiro de contratos da Petrobras. O interesse das empresas era conquistar projetos no Peru e, para isso, firmou contrato com o ex-ministro. Ele, por sua vez, fez repasses de dinheiro periódicos por meio da JD Consultoria (empresa pertencente a Dirceu) para uma conhecida sua no Peru, a brasileira Zaida Sisson.

Zaida é mulher de Rodolfo Beltrán Bravo, ministro da Agricultura do Peru no governo Alan García. Ela também é investigada pela Lava-Jato. Zaida recebeu 20 transferências bancárias realizadas pela JD Consultoria (de Dirceu) entre 16 de janeiro de 2009 e 16 de novembro de 2011, que somam R$ 364.398. Conforme declarações de um dos delatores da Lava-Jato, o lobista Milton Pascowitch, Zaida trabalhava para Dirceu na tentativa de obter contratos para a Engevix e para a Galvão Engenharia no Peru. Ela era ligada ao PT e, desde 2001, morava em Lima, onde passou a militar também no Apra (partido de Alan García).

Pascowitch, Dirceu e Zaida fizeram juntos lobby pelas empreiteiras no Peru, conforme um dos 12 depoimentos prestados pelo delator à Lava-Jato. Em janeiro de 2007, Dirceu já tinha sido recebido pelo presidente peruano. Com ele estava José Aldemário Pinheiro Filho, o Leo Pinheiro, dirigente da empreiteira OAS, que acaba de ser condenado a 16 anos de reclusão por corrupção, em sentença dada pela Operação Lava-Jato

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