Foto: Fernando Ramos
Luís Henrique Antonello (PSB) perdeu o mandato na
quarta-feira e se diz vítima de um "linchamento político"
Logo após receber a
confirmação de seu impeachment, o prefeito de Rosário do Sul, Luís Henrique
Antonello (PSB), afirmou que ficou profundamente entristecido:
- Infelizmente, fui
vítima de um linchamento político. Eles me julgaram com base em testemunhas de
acusação, sem ouvir o Ministério Público ou o Tribunal de Contas do
Estado. Já esperava, mas tenho certeza que a Justiça vai reverter.
O prefeito disse que vai
receber a comunicação oficial do resultado e que não deve voltar à prefeitura.
No fim da tarde, esteve reunido com seus advogados para definir qual o recurso
jurídico seria o mais indicado no caso.
Desde que assumiu a
prefeitura, Antonello - que ganhou o pleito coligado com PTB, PRB e PSDB com
uma votação apertada e cerca de 30% da preferência do eleitorado - teve atritos
com a base aliada na Câmara.
O impeachment do
prefeito foi motivado pela dispensa de licitação para a contratação de uma
empresa de informática que prestava serviços à prefeitura (leia mais
abaixo). Por 12 votos a 1 - em uma sessão da Câmara de Vereadores que
durou cerca de seis horas e que foi acompanhada por centenas de pessoas, no
lado de fora -, Antonello entrou para a história do município como o primeiro
prefeito a sofrer impeachment.
Em
seu lugar, assumirá a vice-prefeita, Zilase Jobim Rossignollo (PTB), 40
anos, é filha da ex-deputada estadual Regina Rossignolo e do ex-deputado
e prefeito José Rossignolo.
- Foi um processo desencadeado por um cidadão de Rosário do Sul. A Câmara
averiguou e o resultado vocês tiveram no dia de hoje. Acredito na decisão
soberana de um poder constituído. Estamos preparados para o que der e vier - disse a nova prefeita.
O desdobramento do fato
é inusitado. Dificilmente qualquer denúncia contra um prefeito termina em
cassação no legislativo municipal (a maioria dos casos acontece por
determinação judicial). Tudo começou em março deste ano, com a instauração de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que concluiu que houve
irregularidade na dispensa de licitação para troca de prestadora de serviço
para uso de um software.
Em junho, foi
instaurada uma Comissão Parlamentar Processante (CPP), que teve relatório
aprovado na sessão de ontem. O prefeito não teve o apoio de nenhum parlamentar
de sua base aliada (veja ao lado). Dos 13 vereadores de Rosário, apenas um
votou a favor de Antonello, o vereador Eduardo Ribeiro (PDT).
Ânimos alterados do lado e fora
O
clima de animosidade tomou conta da cidade. Dezenas de pessoas, a maioria a
favor da manutenção do prefeito no cargo, protestaram em frente à sede do
Legislativo, que teve a segurança reforçada com barreira da Brigada Militar,
com o apoio da Polícia Civil. Nenhuma pessoa não cadastrada pôde entrar no
prédio. Apenas 50 pessoas, entre advogados, assessores, imprensa e comunidade
tiveram acesso ao plenário. Um carro de som transmitiu a sessão para quem
estava do lado de fora