PT x PSDB. Esfarelou-se
pelo caminho, em pouco mais de um mês, a terceira via de Marina Silva,
candidata que se dizia incumbida de materializar a nova política em um projeto
definido como sonhático.
Fica-se com o que já se
conhece. São duas décadas de duelo tucano-petista pelo poder. No primeiro, em
1994, o tucano Fernando Henrique Cardoso derrotou o petista Luiz Inácio Lula da
Silva. Quatro anos depois, voltou a repetir o feito, contra o mesmo Lula. Em
2002, Lula derrotou José Serra e em 2006 venceu Geraldo Alckmin. Em 2010, Dilma
Rousseff impôs a segunda derrota a Serra diante de um petista.
Aos olhos do eleitor, Marina deixou de ser a chance de mudança
Mas que duelo será este
de agora, que prepara o desfecho de uma eleição-tobogã? Vamos para a repetição
de temas, ataques e táticas conhecidas, apenas com a atualização de alguns
assuntos, na previsão do sociólogo Francisco de Oliveira. E dá-lhe do mesmo: corrupção,
privatizações, estagnação, inflação, quem fez mais pelo povo, quem construiu
mais casas, quem abrigou ou puniu mais corruptos.
— Os dois partidos
são muito parecidos — diz Oliveira.
Ou vamos para mais um
jogo de forças entre eleitores de classe média e ricos (alinhados ao PSDB) e
pobres (agrupados pelo PT), que se repete desde 2006, como assegura o cientista
político André Singer?
Quem aguentará, por
mais três semanas de campanha, até a eleição de 26 de outubro, o cansaço de uma
sexta disputa com as mesmas forças? Este é o custo da acomodação de demandas e
expectativas de um eleitorado que ficou por mais de um mês em busca do nome
capaz de enfrentar o PT. Aécio é o nome.
Frustram-se os que
esperavam uma Marina protagonista, na esperança de quebrar a estrutura de um
confronto repetitivo. Mas cumpre-se pelo voto o que já estava anunciado, pela
curva das pesquisas, há pelo menos uma semana. Marina não aguentava o tranco,
enquanto Aécio crescia. O cientista político Leôncio Martins Rodrigues Netto
não vê surpresa na opção pelo confronto Dilma x Aécio, mesmo que, em algum
momento, parecesse improvável. Ele diz:
— Enganavam-se os
que achavam que Marina poderia enfrentar Dilma. Marina estava muito próxima do
PT. Aécio é a oposição. O país precisa corrigir os erros na condução da
economia.
Mais do que a
desconstrução de Marina, o que pesou foi a certeza do eleitorado de oposição de
que o PSDB deveria ser o adversário de novo. Apesar de os partidos estarem cada
vez mais semelhantes:
— Na política de
massa, os partidos tendem a se igualar, e as diferenças ideológicas se
enfraquecem. O marketing capta o que os eleitores estão querendo, e os partidos
tratam de bajular o eleitorado.
Parte do eleitor de
oposição ou indeciso migrou do PSDB para o PSB de Marina – porque ela, aí pelo
final de agosto, seria o voto útil –, acabou voltando para o ninho tucano e fez
a escolha que considera a mais segura. Marina deixou, no final da campanha, de
ser a possibilidade real de mudança (tirando votos de todos, inclusive de Dilma)
e de, ao mesmo tempo, personalizar o antipetismo (tirando votos de Aécio).
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