Na
edição deste final de semana a revista Época informa que a vida dos corruptos
mundo afora se torna cada vez mais difícil.
Leia
mais. O texto é da revista.
A
globalização – a mesma que abriu mercados, criou oportunidades de prosperidade
e também de corrupção internacional – chega, aos poucos, à Justiça. Com isso,
os agentes da lei de cada país podem caçar malfeitos além de suas fronteiras. O
primeiro movimento nesse sentido ocorreu na Comunidade Europeia. Nos anos 1990,
os Ministérios Públicos e as polícias dos diferentes países começaram um
intenso intercâmbio. A integração foi crucial para uma investigação importante
no início deste ano: o caso SwissLeaks, em que a filial de Genebra do banco
HSBC esteve envolvida num escândalo internacional de sonegação de impostos. “Um
funcionário que trabalhou no HSBC por oito anos pegou toda a movimentação
financeira irregular e entregou a três MPs, o da Suíça, o da Itália e o da
França”, diz o jurista Luiz Flávio Gomes, estudioso do assunto e doutor em
Direito pela Universidade Complutense de Madrid. Graças ao intercâmbio de
depoimentos e provas entre os Judiciários dos países, o HSBC sofreu condenações
na França, na Bélgica e nos Estados Unidos. Outro caso recente foi a prisão, na
Suíça, de dirigentes da Fifa suspeitos de corrupção, após uma investigação
levada a cabo pela polícia americana.
No
Brasil, a Operação Lava Jato vem inovando não apenas ao empregar métodos
inspirados na Operação Mãos Limpas – que desarticulou os esquemas de corrupção
na Itália ao longo dos anos 1990. Na semana passada, a Procuradoria-Geral da
República de Portugal anunciou que a força-tarefa da Lava Jato fez um pedido de
cooperação internacional. Desde o tempo do mensalão, a polícia portuguesa
investiga casos de corrupção envolvendo brasileiros, com ramificações em
Portugal. Agora, a Lava Jato quer unir
as duas pontas, mensalão e petrolão. E também tem operado em colaboração
com o Ministério Público da Suíça. “A Lava Jato já virou um caso de estudo”,
diz o advogado penal Mauro César Arjona.
Na
semana passada, os procuradores suíços confirmaram que as investigações da Lava
Jato estão no caminho certo. Elas rastrearam as contas da Odebrecht no
exterior. “Pelo relato das autoridades suíças e documentos apresentados, há
prova, em cognição sumária, de fluxo financeiro milionário, em dezenas de
transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht
e contas secretas mantidas no exterior pelos dirigentes da Petrobras”, afirmou
o juiz Sergio Moro em seu despacho. Na sexta-feira, dia 24, os presidentes de
duas das maiores construtoras do país, Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, e
Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, foram denunciados à Justiça
sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização
criminosa. A denúncia atinge ao todo 22 pessoas. Foi decretada também a quebra
de sigilo das contas da Odebrecht no exterior.
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