Incompetência, arrogância e corrupção
destruíram o feitiço brasileiro. Assim começa um editorial publicado nesta
quinta-feira pelo jornal britânico Financial Times sobre a situação do país. Em
texto que trata das graves crises econômica e política que se abatem sobre o
Brasil, a publicação lista os fatores que empurraram o país para a atual
situação, descrita pelo jornal como "um filme de terror sem fim".
O texto a seguir sobre o editorial do
jornal é do site www.veja.com.br de hoje:
Para o FT, dois fatores em especial
alavancam a crise: o primeiro, as medidas adotadas pela presidente Dilma
Rousseff para tirar o país do atoleiro econômico em que os governos petistas
lançaram o país. O segundo, e mais importante, o escândalo de corrupção
desvendado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ao citar o aperto
fiscal, o jornal salienta como as medidas, associadas a desemprego e inflação
em alta, derrubaram a popularidade da presidente.
Sobre o petrolão, o periódico
britânico afirma que embora ninguém "realmente acredite que Dilma seja
corrupta", isso não significa que a o presidente esteja a salvo. "Até
agora, políticos em Brasília têm preferido que Dilma fique no poder, e assuma o
ônus dos problemas do país. Mas esse cálculo pode mudar quando eles tiverem de
salvar suas próprias peles", afirma o jornal. "Um importante alerta
foi dado na semana passada, quando o líder da Câmara rompeu com o governo após
ser implicado no escândalo", afirma o texto, em referência a Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
O FT ainda cita o julgamento das
chamadas "pedaladas fiscais" e a suspeita sobre as doações à campanha
da petista em 2014 como questões que poderiam derrubá-la do poder. E trata da
investigação aberta contra o ex-presidente Lula. "Não é de se estranhar
que a situação no Brasil hoje se assemelhe a um filme de terror sem fim. Ainda
assim, há boas notícias surgindo".
O jornal cita o entusiasmo com as
investigações sobre a Petrobras como mostra da força das instituições
democráticas no país. O texto afirma que, em um país onde poderosos se julgam
acima da lei, Marcelo Odebrecht, dono da maior empreiteira brasileira, foi
preso e executivos da Camargo Correa, condenados a mais de 10 anos de prisão.
Ao tratar das investigações abertas contra a Odebrecht em outros países,
afirma: "Se isso levar políticos e líderes empresariais a pensar duas
vezes antes de pagar suborno, terá sido um enorme avanço na luta da América
Latina contra a corrupção".
Embora elenque os sinais auspiciosos
da Lava Jato, o jornal alerta para o fato de que Dilma enfrentará três anos
solitários à frente do Palácio do Planalto. "Os brasileiros são
pragmáticos. Então, o pior cenário, de um processo de impeachment caótico, deve
ser evitado. Ainda assim, o mercado começa a precificar esse risco. Tempos ainda
piores podem estar chegando para o Brasil".
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