Após quatro
anos de ausência, há grandes chances de o fenômeno La Niña voltar a ocorrer em
2016, provocando impacto na produção gaúcha de grãos. O evento climático,
caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, tende a ocasionar
temperaturas mais baixas e menos chuvas no Sul do Brasil, ao contrário do El
Niño, que encerra um de seus ciclos mais intensos. O cenário é bom para o
cultivo do trigo, que fica diante de uma perspectiva mais favorável depois de
duas frustrações consecutivas devido ao excesso de precipitações. Ao mesmo
tempo, impõe cautela para a próxima safra de verão devido à possibilidade de
déficit hídrico.
Conforme a
maior parte dos modelos climáticos, se confirmado, o La Niña terá intensidade
fraca a moderada e poderá se prolongar até o começo de 2017. “É de 90% a
probabilidade de os próximos meses serem de neutralidade ou La Niña”, afirma a
meteorologista Estael Sias, da MetSul. Se tudo ocorrer conforme a tendência
atual, será a primeira vez desde 1998, segundo a meteorologista, que o fenômeno
sucede um “super” El Niño, que no último ciclo trouxe ao Rio Grande do Sul
períodos de chuva acima da média.
Cultura de
clima temperado, o trigo não apresenta problemas com o frio e, além disso, pode
se beneficiar de um clima seco, que reduz o risco de doenças fúngicas, causadas
pelo excesso de umidade. Porém, um outro fenômeno irá exigir a atenção do
produtor para esta safra. “Sendo um ano de La Niña, há também a probabilidade
de geadas mais frequentes e mais intensas”, alerta o agrometeorologista
Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo. Mesmo que o evento seja corriqueiro, as
baixas temperaturas diminuem os bloqueios na atmosfera e as massas de ar polar
entram com maior frequência sobre o continente.
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