segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O povo irá aderir aos protestos?



Marcos Fonseca
Os protestos de rua estão de volta. Dessa vez, não é somente o aumento da passagem de ônibus que está provocando descontentamento de muitos brasileiros. O aumento dos combustíveis e da energia elétrica, com reflexo nos preços em geral, levou ontem caminhoneiros a bloquear rodovias. O principal ato previsto para os próximos dias é o que pedirá o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), programado para 15 de março.
Santa Maria também está inserida nesses protestos. A dúvida é: será que a população vai mesmo sair às ruas? Para especialistas, não há uma resposta concreta. A adesão dos santa-marienses é, ainda, mais incerta, já que a cidade não enfrenta demissões por conta da crise na indústria.
O professor e cientista política José Carlos Martines, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), diz que os protestos são legítimos face aos aumentos de preços em geral. Ele acredita que há um pessimismo muito grande por parte da população, algo que não se via desde 1994, quando do lançamento do Plano Real. “O brasileiro está se sentindo um pouco enganado. O clima está péssimo no país”, observa.
Conforme Martines, sabia-se que a economia nacional precisaria passar por ajustes para continuar a crescer. Porém, na época da eleição, não se tinha ideia do impacto das medidas, que agora se revelam pesadas para o bolso do trabalhador. “É um desafio muito grande para um governo que inicia um mandato”, afirma. O cientista político acredita que um impeachment, neste momento, pode não ser o ideal. A queda de Dilma poderia levar o país a viver conflitos de rua até mesmo violentos. “Espero uma solução pacífica”, aponta.

Empregos - Sob o ponto de vista econômico, o que arrefece os protestos é que o país não enfrenta uma onda de desemprego. O professor de Economia Mateus Frozza, do Centro Universitário Franciscano (Unifra), destaca que a credibilidade de um governo se dá pelo controle de preços e manutenção dos empregos. “Ainda existem empregos”, analisa.
No atual cenário, não há, na visão de Frozza, clima para protestos no país. Em Santa Maria, especialmente, que não depende da indústria e, sim, do comércio, o ambiente é menos favorável a manifestações de rua. A questão estaria mais latente nas redes sociais, mas não na cabeça dos jovens.

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