Em depoimento perante a
Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef disse que o PP, o PT e o ex-diretor
de Serviços da Petrobras Renato Duque receberam dinheiro de um dos investigados
na Operação Lava Jato. As declarações, prestadas em outubro do ano passado,
foram divulgadas após decisão do juiz federal Sergio Moro de retirar o sigilo
dos depoimentos dados em acordo de delação premiada.
Permanecem sob sigilo
as partes dos depoimentos que envolvem autoridades protegidas por foro
privilegiado. Pela Constituição Federal, deputados federais, senadores e
ministros de Estado devem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
governadores, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ); e prefeitos, pelos
tribunais de Justiça.
Youssef disse que
entregou dinheiro em dois escritórios do consultor Júlio Camargo, em São Paulo
e no Rio de Janeiro, após trazer para o Brasil valores enviados por Camargo ao
Exterior. O doleiro relatou que, antes de repassar o dinheiro ao consultor,
“retinha o percentual devido ao PP”, a Paulo Roberto Costa e a João Claudio
Genu (ex-assessor do PP).
Segundo Youssef, o
dinheiro entregue no escritório de Camargo em São Paulo “servia para pagamentos
da Camargo Corrêa e Mitsui Toyo ao PT, sendo que as pessoas indicadas para
efetivar os pagamentos à época eram (o tesoureiro do PT) João Vaccari e (o
ex-ministro) José Dirceu.
Em alguns depoimentos,
o doleiro detalha a relação de Dirceu com Julio Camargo, nos quais afirma que
são amigos. Dirceu utilizou o avião de Camargo diversas vezes, após a saída do
petista da Casa Civil, em 2005. Youssef também apontou o ex-ministro da Fazenda
Antonio Palocci como outro elo de Camargo com o partido. O doleiro disse,
ainda, que na contabilidade ilícita das movimentações de Júlio Camargo o nome
dado a Dirceu era Bob. A entrega de dinheiro nos escritórios de Camargo ocorreu
entre 2005 e 2012. O valor operado foi R$ 27 milhões.
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