quinta-feira, 2 de julho de 2015

Como Eduardo Cunha articulou a aprovação da redução da maioridade penal



Com a insistência e uma polêmica manobra de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, nos casos de crimes hediondos (estupro, sequestro, latrocínio, homicídio qualificado e outros), homicídio doloso e lesão corporal com morte. Foram 323 votos a favor, 155 contra e duas abstenções. Como se trata de proposta de emenda à Constituição (PEC), eram necessários 308 votos. Ainda será preciso votar novamente na Câmara e em outros dois turnos no Senado.

A emenda aprovada é bastante semelhante à que foi rejeitada 24 horas antes, na madrugada de quarta-feira pelo mesmo conjunto de deputados — é uma versão um pouco mais branda, pois não inclui tráfico de drogas, por exemplo. Na primeira tentativa, a PEC obteve 303 votos favoráveis. O insucesso levou o presidente e seus aliados a prepararem um contragolpe. Parlamentares pró-redução avaliaram que faltou um "plano B" na terça. Diante da análise, Cunha acertou na manhã desta quarta-feira que seriam apresentadas emendas aglutinativas à PEC, capazes de alterar o texto rejeitado e manter o tema em discussão, manobra considerada polêmica.

— Tirou-se algum ponto do texto apenas para dizer que era diferente e tentar aprovar algo que foi rejeitado — criticou José Fogaça (PMDB-RS).


A nova emenda aliviou a PEC (original, que incluía todos os crimes) ao indicar que retiraria o tráfico de drogas e o roubo qualificado dos crimes pelos quais os jovens de 16 anos responderiam como adultos. Em caso de mais um revés, outra emenda ficou à disposição, de autoria de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que permitiria a emancipação do menor, mediante decisão judicial.

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